Júlio Zavatti, o “Bissinho” foi o grande campeão do Rally dos Sertões 2022. Para alcançar o degrau mais alto do pódio nesta competição que é a mais difícil do calendário off-road do Brasil, Bissinho teve à sua disposição a moto Honda CRF 450RX, uma moto pensada para competições de enduro e ralis.
A CRF 450RX pertence a uma família de off-roads que compartilham de um mesmo projeto. Pode se dizer que ela é “irmã” das motos CRF 450R usadas no motocross. Ambas têm em comum itens fundamentais como motor e chassi. As diferenças se dão em detalhes como dimensão da roda traseira (aro 18 na RX e aro 19 na R), na capacidade do tanque e o cavalete lateral que equipa a RX.
Porém, para encarar um rali com duração de duas semanas e mais de 7 mil quilômetros de extensão, a CRF 450RX vitoriosa no Rally dos Sertões 2022 recebeu ajustes específicos para as particularidades desta competição.
A primeira e muito evidente modificação está na parte frontal, onde é instalado um farol de led e uma carenagem mais ampla, que protege a torre de navegação, estrutura onde estão literalmente empilhados diversos instrumentos.
Na parte mais alta da torre, instrumentos que oferecem informações sobre a velocidade e quilômetros rodados. Abaixo deles fica o maior instrumento – e talvez mais importante nos ralis – que é o road book. Trata-se de um visor com uma planilha, um rolo de papel onde é mostrado o caminho a ser percorrido em cada etapa.
Embaixo do road book está o Stella, um “GPS” multifunção montado sobre o suporte do guidão, que fica permanentemente conectado com a organização da prova via satélite. É através dele que o piloto recebe avisos sobre competidores tentando ultrapassagem ou sendo alcançados, limites de velocidade e alertas variados. Serve também para o concorrente pedir socorro em caso de problemas ou acidente.
Esta grande quantidade de instrumentos necessária em ralis como o Sertões ou o Dakar, por exemplo, implica também em aplicar aos punhos da CRF 450RX diversos botões destinados a operar tantas telas. Outra mudança nítida está no material das manoplas: em vez de borracha, o revestimento é de espuma, mais amigável com mãos que ficarão duas semanas agarradas nelas…
A torre de navegação impacta fortemente o visual da moto CRF 450RX mas, na verdade, a modificação mais crucial é a quantidade de combustível necessário no tanque (na verdade, tanques!). Em uma Honda CRF 450RX normal vão apenas 7,3 litros, já na moto de Bissinho a quantidade passa a incríveis 24 litros, divididos em dois tanques, 11 litros no dianteiro e 13 no traseiro.
Levar tanto combustível faz, obviamente, o peso da moto subir. A motocicleta, que pesa em torno de 110 kg em condições usuais, passa a pesar quase 180 kg. Com essa adição de peso, é necessário adequar as suspensões para permitir ao piloto o controle pleno da moto que, aliás recebe um amortecedor de direção que não existe na CRF 450RX standard. Tal equipamento é essencial nos ralis, que tem longas retas percorridas muitas vezes a 160-180 km/h.
De resto, a Honda CRF 450RX de Bissinho traz protetores de mão e de cárter especiais, disco de freio maior na dianteira – necessário por causa da elevação do peso –, e o sistema de escapamento diferente, que em vez de sair por cima sai por baixo do motor, dando espaço aos tanques de combustível traseiros.
Quanto ao motor, rodas, e chassi, a Honda CRF 450RX campeã do Sertões com Júlio “Bissinho” Zavatti é uma moto de produção em série e não um protótipo, o que confirma a excelência das motos Honda quando o assunto é fazer máquinas seguras, confiáveis, resistentes e… capazes de cruzar o Brasil de ponta a ponta de mão no fundo!