O ano era 2009, e na metade dele as concessionárias Honda receberam as primeiras motocicletas do planeta capazes de rodar tanto com gasolina como com etanol. Batizadas de CG 150 Titan Mix, elas eram fruto de uma parceria entre técnicos japoneses e brasileiros, que durante bom tempo quebraram a cabeça para fazer funcionar o consagrado motor da CG tanto com o combustível fóssil quanto com o vegetal, em qualquer proporção.
Depois de praticamente 14 anos, tal tecnologia, hoje disponível em nada menos do que oito modelos – Biz 125, CB 300F Twister, CG 160 Titan, CG 160 Fan, CG 160 Cargo, NXR 160 Bros, XRE 190 e XRE 300 – está consagrada, e a prova vem de um número gigantesco: nada menos do que oito milhões de motocicletas com a tecnologia FlexOne saíram da fábrica da Honda de Manaus, AM.
É claro que, quando lançada, a Honda CG 150 Titan Mix foi recebida com certa desconfiança. Apesar de se tratar de uma Honda, problemas relacionados ao uso do etanol como combustível – maior dificuldade para dar a partida em dias frios, corrosão de partes metálicas em contato com o combustível vegetal, entre outras – ainda precisavam ser resolvidos. Os mais céticos simplesmente não entendiam por qual razão a Honda iria mexer em “um time que estava ganhando…”.
As dúvidas começaram a ser esclarecidas com os primeiros testes realizados pela imprensa especializada. Em junho de 2009 o experiente jornalista Arthur Caldeira escreveu na coluna INFOMOTO, do site UOL, que “Durante o teste, a temperatura ambiente esteve sempre muito baixa pela manhã (e a moto passou algumas noites no sereno propositalmente). Mesmo assim, a CG Mix pegou na primeira tentativa em todas as vezes…” .
O primeiro dos temores associado ao uso do etanol – a dificuldade em dar partida em dias frios – foi dissipada. E na sequência, outras avaliações confirmaram a excelência técnica da CG 150 Titan Mix. Como vimos, a tecnologia FlexOne veio para ficar e hoje equipa nada menos do que 60% das motocicletas produzidas pela Honda no Brasil.
Além de se confirmarem funcionais, robustos, econômicos e confiáveis, os motores flex desenvolvidos pela Honda permitem a seus usuários liberdade de opção na escolha do combustível que mais lhe convenha, levando em conta fatores como a disponibilidade e preço nas mais diferentes regiões do país.
Outro importante fator é o ambiental, lembrando que o teor de emissões de poluentes das motocicletas Honda, seja qual for o combustível usado, caiu muito nos últimos anos, mas que o uso do etanol é positivo não somente no aspecto das emissões como por conta do ciclo de crescimento da cana de açúcar que o origina, pois o crescimento da planta absorve da atmosfera o dióxido de carbono necessário para o processo de fotossíntese.
A aplicação de tecnologias visando o avanço rumo à neutralidade de carbono faz parte estratégia global da empresa, que visa alcançar a neutralidade plena até 2040, e comprova a eficiência dos motores FlexOne em caráter mundial o início das exportações de tal tecnologia para a Índia à partir de 2023, país que é o maior mercado de motocicletas do planeta, e no qual as duras condições de utilização se mostrarão perfeitas para que esta tecnologia desenvolvida no Brasil mostre sua eficiência, tanto no aspecto da versatilidade da opção de combustíveis diferentes como no aspecto ambiental.